Associação Nacional dos Artistas com Deficiência e Albinismo, ANADA, vivem maior dificuldades artística nos espaços culturais a nível do país, notando ausência de participação de artistas com deficiência que não é resultado da falta de vontade e nem de habilidade, mas sim, de condições, e ainda convivem com a situação da descriminação em que são vítimas, diz Adão Ramos, em uma entrevista na TV Maiombe.
Acompanha na integra a sua entrevista completa, com presidente da ANADA.
A associação é aparentemente nova, como é que surgiu e qual é o seu objectivo?
A associação é relativamente nova do ponto de vista da constituição e de formato, conforme estabelecido legalmente, entretanto em termos de ideia, pensamento tem já mais de dois anos. Pois a esta altura vários artistas com deficiência juntaram-se tendo feito levantamento da situação dessa classe no nosso país, e entenderam constituir uma plataforma que representasse e que defendesse os seus interesses e promovesse os seus direitos.
Quanto a Associação Nacional dos Artistas com Deficiência e Albinismo, é designada por ANADA, é uma organização não governamental sem fins lucrativos e apartidária, que presigue objetivos concretos como a inclusão artística, por via da promoção de oportunidade e plataformas artísticas que dêem a possibilidade de artistas com deficiência poderem se exprimir artisticamente, têm ainda como objetivo a sensibilização e educação da sociedade ou comunidades em que cada associado e não só se insere com vista a que se ganhe a consciência das habilidades destes artistas e dos direitos que têm de acesso aos espaços culturais, assim como de poderem também se exprimir nessa condição.
Tem ainda como, objectivo a formação e desenvolvimento artístico de pessoas neste grupo, que são pessoas com deficiência e albinismo, com vista a que essa formação seja feita num ambiente inclusivo, com os recursos requeridos e acessíveis que facilitem tanto a transmissão no ensino, quanto a aprendizagem.
Ainda, temos também como objectivo o acesso a recursos para facilitar a expressão artística das pessoas com deficiência que não resultem em traumas, que não resultem em constrangimento de dever e ordem, como deve-se entender o ambiente onde realizam eventos de pessoas com deficiência são hostis, a pessoas com deficiências e estes espaços não são acessíveis, nem inclusivos e contém barreiras arquitectónicas que resultam seguramente de outras barreiras como as atitudinais.
“Portanto nós queremos que estas barreiras sejam derrubadas e, em seu lugar se crie condições em que se verifique a inclusão de artistas com deficiência”.
Outro objectivo que a nossa organização tem, ver as nossas representatividades nas médias e nos eventos culturais, que é um desafio que assistimos nos dias que correm, ali a invisibilidade ou ausências de abordagem que dêem destaque e visibilidade a temáticas de situações vividas por estes artistas.
Pretendemos igualmente, fazer advocacia por acessibilidade remover todas as barreiras que existem e representam obstáculos a participação cultural e artística de pessoas com albinismo, pretendemos com a associação também, criar e desenvolver uma rede de apoio e estabelecer uma comunidade que possa contribuir para que os propósitos aos quais já me referi anteriormente se possam concretizar, devem imaginar que sozinho ninguém consegue caminhar e nem realizar qualquer iniciativa então uma rede de apoio será fundamental para que consigamos atingir os objetivos pelos quais nos desposemos, é um conjunto de ações ou propósitos que justificam a nossa existência como Associação Nacional de Artistas com Albinismo.
Quantos associados a associação tem? e como estão representados a nível do País?
Este é um levantamento que está a se fazer, uma vez que ainda estamos também no processo de inscrições e adesão de artistas, como deve perceber a mobilidade em torno das 18 províncias não é feita ainda com muita facilidade entretanto com as condições que criamos já e possível ter 250 artistas inscritos na associação, aqueles que já foram aceites, porque há um conjunto de procedimentos que devem ser observados antes da inscrição ser aceite aqueles cujo os processos já foram verificados são 250 e estão em processo de adesão de mais de 50 membros e estão em 10 províncias e outros trabalhos vamos fazer para poder abranger todas as 18 províncias, e nos podermos representar em todas elas ainda que seja numa perspectiva regional como deve também perceber que a representatividade em todas as províncias requer um conjunto de condições que só com tempo e mais algum trabalho será possível alcançar, damo-nos por satisfeitos por quanto à um interesse muito grande por parte destes artistas com deficiência e albinismo a aderirem a organização atendendo a mais valia que a associação representa.
Há dificuldades ou nem tanto?
Dificuldades, devo reportar aquelas que justificam para começar a nossa existência a exclusão que é a maior das dificuldades artística e seguramente circula pelas cidades do país, e tem constatado nos espaços culturais a ausência de participação de artistas com deficiência e esta ausência não resulta da falta de vontade, falta de habilidade e falta de artistas, resulta sim da ausência de condições para que esta participação se verifica e da descriminação de que estes artistas são vítimas.
A maior parte destes artistas são excluídos das oportunidades que existem para outras pessoas de se expressarem artisticamente e desenvolverem actividades artísticas remuneradas, e quando essa oportunidade surge a sua prestação é diminuída como se tratasse de um meio artista.
“Esta remuneração é diferenciadas dos outros artistas sem deficiência, se ao artista sem deficiência for dado por hipótese seguramente 10.000 kwanzas, ao com deficiência é dado 1000 ou 500 Kwanzas mesmo quando são convidados, essa é a dificuldade maior a exclusão e a discriminação que resulta de barreiras atitudinais, de preconceitos ainda presentes nas cabeças dos principais agentes culturais do País”.
E depois aquelas outras dificuldades que nos limitam a nossa ação, anteriormente estivemos a falar sobre a nossa representatividade nas outras províncias, portanto a deslocação, o acesso a espaços para o estabelecimento de sedes por exemplo a apoio a financiamentos a uma série de oportunidades que são dadas a outras pessoas, também é uma das dificuldades que nós vivenciamos das quais estamos seguramente dispostos e com força suficiente para transpor e derrubar e se impor enquanto associação que prossegue propósitos nobres, prossegue o respeito e a protecção dos direitos já conquistados pelo menos do ponto de vistas de algumas legislações vigentes no nosso País como a constituição da república e de alguma ou outra legislação ordinária.
Já viajou muitas vezes em vários países, assim como Portugal que por sinal temos praticamente uma veia sanguínea que nos liga, que comparação se pode fazer de deficientes que residem em Portugal e nós em Angola?
A diferença é abismal, temos interagido com organizações de defesa e promoção dos direitos das pessoas com deficiência, com pessoas individuais, activistas em vários espaços e países por onde passamos e temos tido contactos com a realidade de muitos desses países e muitos deles são países Africanos, Cabo Verde, São Tomé, Guine Bissau, Moçambique, enfim, a atenção que as pessoas com deficiência têm, para não já não falar de países Europeus, Americanos e outra atenção que as pessoas com deficiência têm dos estados, pura e reflexamente dos sectores privados é aquela que é recomendada pela convenção dos direitos à pessoas com deficiência, e também o protocolo africano e demais convenções leis ou instrumentos jurídicos internacionais, portanto o compromisso que os estados, particularizando Angola têm com relação aos direitos de pessoas com deficiência está na convenção e Angola subscreveu desde 2013 tendo se tornado parte da mesma convenção em 2014.